quinta-feira, 21 de março de 2013

Os Sete Príncipes do Inferno

Sete são os Príncipes do Inferno, e sete são os Pecados Capitais. E isso NÃO é uma coincidência.


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Satã: Quem será o primeiro?
Asmodeus: Eu.
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O Dom conversava com diversas pessoas. Numa dessas conversas, outro Nobre chamou sua atenção para como era comum a um dominador possuir diversas submissas. Chegou a comentar que havia morado com duas ao mesmo tempo. O Dom admitiu ficar abalado em suas convicções, pois sempre entendeu que teria somente uma mulher. E agora queria várias, a LUXÚRIA dominando seus pensamentos...

Mas aí tudo mudou. Ele a conheceu. Houve uma empatia imediata. Falavam-se todos os dias. Foi simples assim, perceber que ela era única. Partiu do Dom a idéia de oficializarem seu interesse um no outro. A felicidade tomou conta dela... mas ainda faltava muito.
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Asmodeus: Mas...
Belfegor: Suma-se. Você teve sua chance. Sou eu agora.
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O Dom conversava com um amigo. (Se bem que o Dom percebeu que o amigo parecia diferente).
O Dom disse ao amigo que havia decidido ir de moto. O amigo ponderou que eram dois mil km, ida e volta. Anotou os perigos da estrada, e que, certamente haveriam outras mulheres por aqui mesmo, deixe de ser bobo... E além disso, e se voce chegar lá e for uma decepção? Tanto trabalho por nada! O Dom sentiu uma enorme PREGUIÇA.
O Dom ponderava, ponderava e então se lembrou de que, na verdade, PRECISAVA desse momento para com ele mesmo. Simbolizava o fim de sua vida baunilha. Era um ritual, um ritual que o purificaria e o tornaria mais forte e merecedor dela. A mil kms dali, uma menina descalça subia numa árvore, feliz...
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Belfegor: (silêncio)
Belzebub: idiota.
Belfegor: (silêncio constrangedor)
Belzebub: imbecil.
Belfegor: (silêncio desafiador)
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A estrada era perfeita, amiga e amante do Dom. Os quilômetros passavam rapidamente. Apos dirigir o dia inteiro, Parou numa cidade para passar a noite e, naturalmente dirigiu-se a um bar. Em momentos já tinha feito amigos e começou a se exceder na bebida... e na GULA. E foi nesse momento que seu celular tocou. Era ela. Estava preocupada. As palavras de afeto e admiração tocaram a alma do Dom. Em instantes, com a mente desanuviada, deixou o bar, deixando também um "amigo" incrédulo e irritado, as MOSCAS em volta dele, e que, aos berros, induzia todos a comer e beber até cair...

O Dom finalmente chegou. Ele entrou no quarto de hotel e ela já estava lá, sentada obedientemente numa cadeira, de costas para a porta. Ela não sabia qual era a aparência do Dom, mas reconheceu sua voz. Trêmula de emoção, ela viu-se amarrada e vendada, feliz e submissa às ordens do Dom. Durante dias eles se entregaram aos seus desejos, sonhos e fantasias. Eram sensações que nunca haviam experimentado. Mesmo ela! Era o supremo êxtase e paradoxalmente, singelo e puro, nada contendo de pervertido ou imoral. O amor de ambos mostrava ao mundo que, SIM, PODEMOS EXPLORAR NOSSO PRAZER, sem mêdo, sem julgamentos sociais, sem culpa ou arrependimento.
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Lucifer: Mamon, sua vez. Não falhe.
Mamon: Sim, Lorde Lúcifer.
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O dom navegava pelos sites bdsm, enquanto ela dormia, serena ao seu lado. E começou a ler sobre a "liturgia" desse mundo de regras auto impostas. E então, como se ouvisse vozes, começou a querer MAIS E MAIS dela. Aumentar os controles. MANDAR. MANDAR. Internet? Nem pensar, muitos Doms lá. Trabalho? Não, baunilha demais. Família? Para quê, ela já tem a mim... Quando ela acordou, o Dom falou com ela. Impôs regras absurdas, GANANCIOSAS. Disse o que ELE queria. No fundo, ele esperava rebeldia. Não encontrou nenhuma. Encontrou devoção, dedicação e obediência. E foi aí que ele percebeu o que estava errado. Não existe glória em IMPOR o domínio sobre alguém. E muito menos em bater em alguém até que esse alguém obedeça, não importa o que tinham "negociado" antes. Percebeu que o Dom VERDADEIRO é obedecido pela sua força de vontade e pela devoção e admiração que sua submissa tem por ele... e não por que ela teme o chicote.

Entendeu, finalmente, que se tinham escolhido esse meio bdsm de vida, é porque tanto ele como ele JÁ ESTAVAM FARTOS DE REGRAS. Impor um novo grupo de regras a AMBOS, mesmo que batizado de "liturgia bdsm", isso sim, era LIMITAR seu futuro. Nada precisou ser dito. Ela olhou em seu olhos e ele soube, instantaneamente, que ela seria dele, que ela o obedeceria sem a necessidade de castigos. Soube que ela queria sim, ser controlada, mas GENTILMENTE. Dor não seria, para eles, instrumento de punição, mas sim de PRAZER. E finalmente, não seguiriam regras e sim somente seus corações e consciências.

Era hora. Ele fora até ali para conhecê-la e ali mesmo ele percebeu que finalmente encontrara a submissa perfeita. Após uma linda cerimônia, ele a levou para a banheira já cheia de água límpida. Despejou as pétalas de rosas que levara especialmente para isso. Olhou para o quarto e viu uma garrafinha de água pequenina, dessas de plástico vagabundo, jogada num canto. Encheu-a de água, e num momento perfeito, disse as palavras que ela nunca mais iria esquecer: "Eu te batizo...".
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Lúcifer: Estou cercado de idiotas! Leviathan, venha comigo. Dessa vez iremos juntos, eu e você.
Leviathan: Ssssssssimmmmmmmmmm.
Satã: Lúcifer, essa é sua última chance...
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Era a hora de ir embora. Ela sugeriu, então, que fossem a uma chácara, ali perto, aonde amigos iriam fazer uma festa ao ar livre. Seria uma ótima despedida e também a confirmação de que existe mais do que sessões bdsm na vida a dois.

Chegaram na festa. Gente simples, gente boa. Pessoal da roça, truqueiros dos bons, moda de viola, canjica, quentão e fogueira. Papo vai, papo vem, eis que o Dom se vê conversando com dois desconhecidos. Entre um comentario e outro o Dom começa a ter INVEJA de toda aquela alegria, dos amigos da sua sub e ele ali sozinho, com dois estranhos.

"Admiro sua atitude de resignação." - disse o segundo estranho, "um sujeito bem sucedido na vida, formado na melhor faculdade, aceita ficar entre pessoas mais... simples, digamos. Entendo que você poderia ter ficado com mulheres lindas e mais jovens na sua cidade, não é?"

De repente a festa começa a girar em torno da cabeça do Dom. O que ele estava fazendo ali? Tinha possuído subs realmente lindas e jovens. Era viajado e tinha, sim ORGULHO - talvez demasiado - de sua cultura e erudição. E, novamente, naturalmente, ela o salvou, vindo em sua direção. Era a imagem da simplicidade, os pés descalços na terra seca do cerrado. Vestido simples, na altura dos joelhos, que dava a ela um ar de menina do interior. Mas o Dom sabia que ali estava uma submissa de verdade, que viveria para ele e por ele, desejando apenas ser dominada, mandada e cuidada...

Ele apenas a abraçou, a loucura e a névoa em sua cabeça dissipando-se aos poucos. Ele não a ouviu falar aos estranhos: - "Fora daqui, vocês dois. Vocês foram negados."

Ele ainda conseguiu ver as duas figuras se desfazendo em uma fumaça negra. Mas tudo isso foi ofuscado pelo apagar da imensa fogueira. O calor continuava lá, mas a luz das chamas foi diminuída. A escuridão tomou conta do coração de todos e mesmo a submissa não conseguiu evitar um grito sussurado de terror.

- Olha, olha! É o coisa-ruim!

O pessoal da roça, devoto como é percebeu imediatamente que a figura que havia saído de dentro da fogueira não era deste mundo. Com um olhar de pura maldade, o demônio disse a um caboclo apavorado:
- "Não foi você que teve medo de salvar um menino que se afogou, muitos anos trás?"
O caboclo, movido pelo poder do ser maligno e angustiado com isso desde criança, não aguentou e se jogou na fogueira. Seus gritos ecoavam na noite do cerrado, o cheiro de carne queimada, todos ali absolutamente imóveis, petrificados pelo maldade que emanava do Príncipe Infernal.
Outros morreram de forma parecida, cada um deles de forma diferente e horrível.

E então o demônio olhou nos olhos do Dom. "Você fala que queria renascer? Pois renasça... no inferno". O Dom estava imóvel e de repente percebeu que não havia ar a sua volta. A sensação de tentar inalar algo e não conseguir era horrível, angustiante, desesperadora.

Mas nesse momento ela se interpôs entre eles. A pequena menina descalça parecia crescer. As asas, brancas, magníficas, se abriram em forma de leque e imediatamente a luz da fogueira voltou ao normal. O contraste do demônio, o corpo hediondo e vermelho, com a graça e formosura do anjo formavam um quadro avassalador para os sentidos humanos. Ela estava agora com uma armadura reluzente, a espada em sua mão direita, a raiva de ver seu Dom amado nessa situação desesperadora obliterando seus pensamentos. E então o demônio percebeu que a havia vencido. E atacou.

Com um golpe terrível de sua cauda, atingiu-a mortalmente, o sangue manchando as asas magníficas. Ela caiu, ferida, e o Dom SOUBE que ela iria morrer. O Dom começou a sentir uma raiva crescer dentro dele, uma raiva tão imensa, tão grande, que ele poderia mover céus e terras para defender sua amada. Tinha seus movimentos e sua respiração de volta. O demônio, de costas para o Dom, estava exultante com a vitória sobre sua odiada inimiga. O Dom pegou a espada, e num único movimento, levantou-a acima de sua cabeça. Iria desferir o golpe definitivo, a raiva cega, o ódio consumindo toda e qualquer razão possível.

E aí ocorreu um pequeno milagre. O frasco de plástico, ainda cheio da água tornada benta pelo amor verdadeiro dos dois, a água forjada da paixão, do tesão, do prazer puro e sem maldade, caiu de seu bolso. Ele largou a espada, para o desespero do demônio que esperava que o mortal agisse com IRA. Ajoelhou-se perante sua amada e vertendo o conteúdo em seus lábios, viu sua submissa melhorar imediatamente. Com um misto de raiva e impotência, o demônio ainda tentou atacar, mas AGORA, ela, ou melhor, AMBOS o haviam vencido. As asas do anjo afastavam o demônio cada vez mais, até que o mesmo sumiu de volta a fogueira de onde havia surgido. Iriam ficar juntos. JUNTOS, haviam vencido a tudo e a todos. O ritual estava agora completo. Ele era seu dono, e iria cuidar dela, sempre...
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Uma semana depois...

O Dom conversava com uma amiga...

- "Nossa que historia incrível! Sua sub... é um anjo?"
- "Pois é, disse o Dom, rindo com si mesmo. As asas atrapalham um pouco na hora do bondage, mas eu adoro o roçar das penas no meu peito quando a puxo pelos cabelos e a pego por trás..."

Lúcifer - Orgulho
Asmodeus - Lúxuria
Belzebub - Gula
Mammon - Ganância
Leviathan - Inveja
Belfegor - Preguiça
Satã - Ira (raiva)

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